quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Rumo ao horizonte

Caminhava de encontro ao horizonte, sem temor, com passadas largas e determinadas, como se, por um breve instante, ele soubesse que nunca mais voltaria. A verdade é que, dentro de sua cabeça, ele não tinha a certeza de que aquela viagem não teria mais volta, que aquele pôr-do-sol selaria o seu derradeiro momento.

Seu olhar era amedrontado, sua boca tremia e sussurrava pequenas palavras com a esperança que o pudessem escutar. Envolto no frio que o medo lhe impunha, ele ainda tentava se aquecer com a memória de todos os abraços calorosos que sentiu outrora.

Talvez, se ele soubesse que aquela fora sua última despedida, não teria sido tão seco, não reservaria palavras e sentimentos, não teria se entregado pela metade, não teria dado aquele tchau sem graça enquanto corria com pressa para qualquer que fosse seu compromisso. Talvez se tivesse o dom de prever a vida, ao menos uma vez, teria dado a importância e valor que aqueles momentos e pessoas mereciam, tal como se fossem os últimos.

E então, ele se vira e olha para trás. Seus lábios já estão sedentos de água, suas pernas cansadas de tanto caminhar e, pela primeira vez, ele sente a vida pesar em suas costas. Suas pegadas estão quase ilegíveis e sua memória falha ao tentar relembrar todos os bons momentos vividos em sua história.

Seus olhos enchem de lágrima e, como se já tivesse plena consciência de seu destino, ele abre um grande e lindo sorriso. Seu coração acelera, ele começa a sentir um calor familiar, até que ele se sente seguro para fechar os olhos, respirar fundo e, ao se virar de volta, seguir o seu caminho rumo ao horizonte.


quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Chuva de saudade

Cai à noite, a chuva ainda escorre rente à janela enquanto me deito em meio a todos os meus confusos pensamentos. Minha cabeça afunda no travesseiro tal como se quisesse que o tempo voasse, rápido como os ponteiros dos segundos, veloz como o aperto no peito que sinto desde então.

Viro e reviro, impaciente por ver você dominando todos os meus sonhos, por ter que ver você só nos meus sonhos, pois sei que me ver ao teu lado está longe da realidade que nos encontramos hoje.

Em meio à noite, acordo assustado, com a passageira impressão que tudo mudou, que as imagens transmitidas ao fechar dos olhos são sinceramente reais. A chuva ainda bate na janela, como se ela clamasse meu erro em alto e bom tom. Por fim, me enrolo novamente no cobertor, esperando que o frio passe e que leve com ele toda a minha insegurança que envolve e sufoca toda noite de chuva de saudade.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

O segredo das coisas bobas

A intensidade com que vivemos cada momento nos permite trazer para apenas um segundo de distância a eternidade de momentos inesquecíveis, a lembrança de amizades passadas ou o carinho de antigos amores.

Talvez esse seja o grande segredo da vida. Os pequenos gestos perdem significado em meio ao mundo da velocidade eletrônica. Somos programados para o básico, para funcionar submetido há um tempo proposto, programados para esquecer a importância de um abraço apertado ou de um simples "olá" carinhoso.

O que nos faz ser condicionados ao novo, ao diferencial, algo que nos preencha, que nos traga a felicidade instantânea, sem demora, sem complicações, tal como uma poderosa fórmula secreta.

Enquanto isso, as pessoas esquecem do quanto é bom receber um beijo molhado, um carinho, aquele abraço apertado que te faz perder o fôlego por alguns segundos e voltar a respirar com a impressão de ter pisado na lua. A sutileza do perdão, o carinho do amor verdadeiro, falta ao homem a simplicidade de se preocupar com as coisas bobas da vida, as mesmas coisas bobas que te fazem perder o chão com a rapidez de um piscar de olhos.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Caminhos opostos

Quando eu te disser adeus, apenas vire as costas e vá.
Não ouvirá nenhuma de minhas poesias, nem entrelaçados de belas linhas de uma melodia, minha despedida será com curtas e secas palavras.

Sei que não me fará bem, sei também que irão me fazer tremer a cada vez que eu sonhar com você, porém dormirei sabendo que fiz o certo, mesmo que o certo pareça incerto, enroscado com todas as minhas outras cinquenta mil indecisões.
Te peço mais uma vez, apenas vire as costas e vá.

Se te peço pra partir, peço para o nosso bem, mesmo que esse bem não seja o mesmo que você almejava encontrar.
Porém, a quem queremos enganar?

Já não sonhamos o mesmo sonho, nem observamos o mesmo amanhecer, estamos separados, sozinhos, como se nossos caminhos tivessem tomado os antigos e diferentes rumos de outrora.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Asas solitárias

Acreditar Naquele em que tudo pode ser confiado e, guiado pela Sua direção, conseguir construir o seu próprio caminho. Caminho que te levará por trechos cheio de obstáculos e armadilhas e, por algum instante, até ruas sem saída.

Tudo te levaria a desistir e largar de lado a tua própria vida. Porém, nessas horas, surgem às verdadeiras amizades, aquelas que te farão não desistir, que te levantarão enquanto todos estão loucos pra te soterrar.

As pessoas entram e abandonam nossas vidas com uma freqüência de estações, dotadas de personalidades jamais esquecidas ou talvez de nunca mais serem lembradas.
Mesmo assim, ainda acredito que todos possuímos, cada um, uma notória asa. Por isso, só nos sentimos completos o bastante para alçar vôo quando nos juntamos com aqueles que realmente amamos.

Não importa quanto tempo passe, o quão longe fique a distância entre duas pessoas, nem todos os pequenos e grandes problemas que a vida impõe frequentemente, pois o que sempre unirá o ser humano ao longo de toda sua história é e sempre será o amor e o carinho entre duas pessoas.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Apenas uma carta de amor

Se eu te escrever uma carta de amor
prometa que a lerá até o fim

Mesmo que em versos eu não consiga me expressar, sei que, entre milhões de palavras jogadas ao ar, no meio da mais linda canção, irá me encontrar, olhando em teus olhos pela última vez, apenas esperando pra dizer: Obrigado!

Calmo como toda palavra que sussurrei ao pé do teu ouvido, você sempre soube que, ao fechar meus olhos, teu rosto era tudo o que eu via. Com o silêncio do teu sorriso conseguiu me dar tudo o que eu sempre quis escutar, tudo o que sempre precisei, tudo o que cansei de procurar nos lugares errados até te encontrar.

Só te peço uma última coisa:
Se eu te escrever uma carta de amor
prometa que a lerá até o fim