sábado, 13 de novembro de 2010

Noite fria

O frio gelava todo o seu corpo. Era tarde da noite e talvez o melhor que ele pudesse fazer era dormir. Mas, agir com a razão não era um de seus pontos fortes. O cesto cheio de papéis amassados, pedaços de pensamentos jogados no lixo. Suspiros em meio ao turbilhão em que ele se encontrava.

Os abraços não estavam mais lá. O olhar era diferente. Ele se sentiu vazio. Um nada. Um qualquer. A indiferença era uma faca afiada, enfiada no meio do peito. Os olhos lacrimejavam, mas ele fingiu ser forte. Tá, fingir não era o seu ponto forte, ou melhor, nunca foi.

A mão continuava a escrever mais e mais pensamentos. A cabeça não parava de pensar e o coração apertado tentava suportar a dor do vazio. Em sua cabeça, imaginava trinta e sete milhões de cenas a toda vez que ela olhava para os lados, lia cartas, parecia distante, parecia pensativa.

Foi então que ele parou de escrever. Fechou os olhos por alguns segundos. Imaginou o abraço apertado. Ele precisava dele. Muito. Respirou bem fundo.

Ele sabia que ela não estava ali.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Amor de asas

O sorriso sincero. O andar desajeitado.
Os braços que gesticulam mais do que a boca fala.
A beleza invejável.
A franja que insiste em encobrir os olhos, mas que a mão logo a toma por colocá-la em seu devido lugar.

Ele não sabia ao certo, mas, quando estava com ela,
as palavras nem sempre saíam como planejava, o coração acelerava,
as mãos suavam, e o sorriso tentava escapulir por entre o canto dos lábios.

Aos poucos, o carinho dela o envolvia por completo.
Era amor, e ele sabia disso.
Com ela, ele cresceu.
Com ela, ele aprendeu a ser alguém melhor.
Com ela, ele aprendeu a beber (ou não).
Com ela, nunca faltaram abraços de dois braços, nem zumbis pra contar histórias.
Com ela, ele sorriu verdadeiramente como há muito tempo não fazia.

Por entre melodias e discussões, o amor cresceu.
Tá certo que o ciúmes dele também.
Mas, ela é linda e chama atenção de quem estiver ao redor.

Talvez ele nunca consiga compreendê-la por completo.
Mas, ele não tinha a menor dúvida de que já a amava por inteiro.

Já era noite e a música predileta dela ecoava no quarto.
Deitado na cama, envolto nas lembranças, ele fechou os olhos.
Foi então que, depois de tanto tempo ao seu lado, ele finalmente descobriu: Ela era o seu anjo.
e, no mesmo instante, o sorriso voltou a escapulir por entre o canto dos lábios.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Diário de um anjo

Alguma coisa parecia estar diferente. Estranho, pois quando tudo parecia finalmente se encaixar, lá estava ele novamente perdido em meio aquele labirinto sem saída. Confuso, cansado, sua mente pairava por entre nuvens de raiva e conformismo. Estaria ele voando por tortuosos caminhos?

Blasfêmia, diria. Ele tinha certeza que sua força era suficiente para reerguer qualquer um. Mesmo sabendo que se gastasse tanta energia, ele não seria forte o bastante para subir novamente.

Não importa, disse. A única fonte de energia que ele precisava era ver aquele sorriso pessoalmente, poder sentir seu abraço, nem que fosse por um só dia. Sentir-se envolto em braços que o fizessem esquecer de todo o resto.

Ele era capaz de olhar por além dos olhos. E tudo o que ele queria era conseguir ter a certeza que tudo acabara bem, apenas sentindo o pulsar do coração dela colado ao seu peito.